Fallout 4, uma bela amostra do fim do mundo!


É até engraçado apontar que algo tão catastrófico quanto uma hecatombe nuclear possa ser tido como belo, certo? Mas é assim em Fallout 4: o jogo tem uma atmosfera tão radioativa, tão artisticamente pensada em detalhes, que só vai faltar você entrar de verdade na pele do protagonista e único sobrevivente do Vault 111, abrigo fabricado pela empresa Vault-Tec em Boston, nos Estados Unidos, para proteger seres humanos (obviamente os de origem norte-americana) afetados pela guerra nuclear contra a China.
Duas coisas na história merecem grande destaque, inclusive por serem muito aguardadas desde a fase especulativa de desenvolvimento do título: o cão da raça pastor-alemão e uma versão aprimorada do bracelete Pip-Boy, peça que permite acesso constante aos dados vitais do personagem. É por isso que os jogadores devem ficar vidrados na sigla S.P.E.C.I.A.L., de "Strenght-Perception-Endurance-Charisma-Intelligence-Agility-Luck" (traduzindo para o português: Força, Percepção, Resistência, Carisma, Inteligência, Agilidade, Sorte).
Começando pelo simpático cachorro, quem controla o protagonista vai sentir o que é ter um companheiro de guerra extremamente competente: o animal (dá até dó de falar assim), ou o "melhor amigo do homem", responde a todos os comandos do dono. Coisa bacana é usar a mira para apontar para onde o cão deve ir ou para dizer a ele qual objeto pegar.
Já em relação aos atributos, o jogador pode decidir de que forma equilibrar suas habilidades. Um bom exemplo é o investimento de pontos em inteligência: quanto mais você investe neste atributo, mais o protagonista se torna capaz de criar instrumentos de sobrevivência.
Na prática, Fallout 4 não chega a ser o game revolucionário da série, mérito que provavelmente estará garantido para sempre ao antecessor Fallout 3. O que se pode dizer é que o quarto título dá um upgrade nos elementos fundamentais que conquistaram fãs pelo mundo, o que é bom, visto que a fórmula de Fallout parece não envelhecer com facilidade.
Um dos pedidos dos fãs que a Bethesda atendeu foi o de dar mais liberdade para que os jogadores possam tomar suas próprias decisões ao longo do caminho. A verdade é que Fallout 4 apresenta a essência de uma produção de 'mundo aberto', mas sem exagerar. Em outras palavras, quem joga não vai se deparar com o lado fetichista de um The Witcher 3, enorme, mas pelo menos dá para garantir que o território explorável de Boston é muito mais amplo do que o da cidade de New Vegas (palco do jogo anterior).
O bacana de explorar a Boston radioativa é que todos os cantos escondem marcas do passado. Para quem gosta de história e de juntar peças de quebra-cabeça, é um prato cheio. Um exemplo livre de spoilers: até mesmo os corpos espalhados pelos cenários e determinados objetos podem deixar saudades do que seria o mundo antes da guerra, uma espécie de breve respiro para a realidade a ser enfrentada, a de uma Commonwealth dominada por facções.
Uma dica: não deixe de explorar as ruínas de uma editora de quadrinhos que pode ser avistada pelo caminho. É como entender que a cultura de um povo é um bem precioso demais para cair em desgraça, para acabar evaporando por causa de bombas nucleares.
E para quem nunca jogou Fallout?
Quem nunca jogou um título da série não vai precisar se preocupar tanto com a questão do enredo. A história é como uma nova temporada, com um sistema próprio e com muitas horas de partida - pode chegar a mais de 100 horas dependendo da curiosidade da pessoa. Quem gosta, por exemplo, de simulação, vai poder aproveitar a criação de bases próprias, focando no planejamento da defesa e do comércio.
Se o jogador for do tipo que gosta de deleite visual para além do universo urbano, o jogo traz uma variedade imensa de paisagens, como florestas, pântanos e até desertos.
O que é bom no jogo
- Vasto mundo para explorar (território muito maior do que o do game anterior);
- Personalização de habilidades muito mais bem servida;
- "Cãopanheiro" fiel e com boa inteligência artificial;
- Inimigos com identidade presente (não são meros monstros sem rosto);
- Ambientação melancólica de verdade;
- Muitas horas de jogo.
O que é ruim no jogo
- A animação dos inimigos poderia ser melhor (os movimentos são artificiais);
- A inteligência artificial dos inimigos poderia ser como a do cão.
Trailer oficial